Em 1987, fomos
surfar no Peru, inicialmente por 45 dias, mas estendemos para 60. Um bodyboard
e uma roupa de mergulho velha, uns 500 dólares no bolso para 45 dias, a
passagem de volta. Um grupo de 6 pessoas, que depois virou 4.
Lima foi um choque
de realidade, naquela época, de como São Paulo, Rio, Salvador, o Brasil era
desenvolvido, e reclamávamos. Mas foi lá que consegui o meu primeiro material
físico dos Ramones, porque no Brasil os importados eram muuuito caros, e lá
comprei umas fitas piratas numa loja. Fitas, tipo cassete, fita porque era fita
mesmo, e aquela porra quando desenrolava das bobininhas, tinha que rezar para
não perder. E quando o ‘gravador’ mastigava? Anos depois, ganhei um gravador
que tinha 2 compartimentos para tocar as fitas e que passava de fita para fita.
Piratão.
Em Lima, as ilhas
entre as pistas das avenidas, tinham um buraco no chão, tipo cova, e ali rolava
uma oficina mecânica. Espanhol é outra língua kkkkk claro, mas na frente dos
restaurantes eu via ‘Pollo’, em vários, e de cara pensei: ‘caraca, esse povo
deve comer polvo’ kkkkkkkk.
Mas as ondas eram
top, as praias ‘nin tanto’, umas águas-vivas do tamanho de um disco de vinil,
uns pelicanos doidos e aquele deserto de fundo. Pra quem veio da mata atlântica,
a diferença de vegetação era surreal.
Fomos a Trujillo, a
cidade do barro, pra surfar umas merrecas e , à noite, não tinha o que comer e
nem onde. Parecia Maresias antigamente. Achei uns ovos numa venda e comi uns
três crus.
Fomos a Cusco e
Machu Pichu. Em Cusco, nos hospedamos num hotel de três dólares, pra três. O
hotel devia ser tipo a quebrada da cidade, só tinha uns caras estranhos, um
deles insistiu que eu fosse jogar futebol, e eu fui. Quadrinha, corri três
vezes e cadê o oxigênio? À noite, vi uma mulher espancando um cara na rua. E a
galera em volta, torcendo pro cara reagir, mas não deu. Nocaute técnico.
El Peru
In 1987, we went
surfing in Peru, initially for 45 days, but we extended it to 60. A bodyboard
and an old wetsuit, about 500 dollars in my pocket for 45 days, the return
ticket. A group of 6 people, which later became 4.
Lima was a reality check, at that
time, of how São Paulo, Rio, Salvador, Brazil was developed, and we complained.
But it was there that I got my first physical material from the Ramones,
because in Brazil imported ones were soooo expensive, and there I bought some
pirated tapes in a store. Tapes, like cassettes, tape because it was tape, and
that shit when it unrolled from the bobbins, I had to pray not to lose it. And
when the 'recorder' chewed? Years later, I got a recorder that had 2
compartments to play the tapes and that went from tape to tape. pirate.
In Lima, the
islands between the lanes of the avenues had a hole in the ground, like a cave,
and there used to be a mechanical workshop. Spanish is another language lol of
course, but in front of the restaurants I saw 'Pollo', in several, and right
away I thought: 'wow, these people must eat octopus' lol.
But the waves were
top, the beaches 'nin' so much', some jellyfish the size of a vinyl record,
some crazy pelicans and that desert in the background. For those who came from
the Atlantic Forest, the difference in vegetation was surreal.
We went to
Trujillo, the city of clay, to surf some rough surf and, at night, there was
nothing to eat and nowhere. It looked like Maresias in the old days. I found
some eggs at a sale and ate about three raw.
We went to Cusco
and Machu Picchu. In Cusco, we stayed in a three-dollar hotel for three. The
hotel must have been like the city hood, there were just some weird guys, one
of them insisted that I go play football, and I did. Comics, I ran three times
and where's the oxygen? At night, I saw a woman beating up a guy in the street.
And the crowd around, hoping the guy would react, but he couldn't. Technical
KO.
Eu vendia biquínis
do Rio de Janeiro, vendia legal, um dos melhores trabalhos que tive, por razões
diferentes. Vendi um bocado e fui ao balcão de uma companhia aérea e comprei
uma passagem para Salvador, uns seis dias, acho. Fui com o Rony, que comprou
para uns três ou quatro dias. Teria um campeonato de bodyboard lá e iríamos
participar.
Chegamos como os
caras do Sul que tinham um outro nível no esporte, mas acho que decepcionamos.
Arrumamos um lugar para nos jogarmos na casa de um dos caras que era da
associação. Quando cruzamos a galera, uma moça veio com um pacotinho de maconha
e me deu praqueles dias, sem falar mais nada. Saiu e nem escutou eu a pedindo
em namoro.
Competimos,
perdemos, voltamos, eu fiquei acampado na casa do sujeito mais uns dias, só nos
acarajés.
A Bahia é tudo!
Outro campeonato
foi no Rio de Janeiro, acho que chamava Bliss Dan´Up, eu lembro que foi
organizado por um famoso surfista e que, supostamente, fugiu com a grana da
premiação. Lembro também que tinha um molequinho embaixo dos andaimes,
bagunçando ali na praia e que os locais, vulgos cariocas, falavam que seria
bom: Guilherme Tâmega.
Saímos de São Paulo
numa TL que quando fazia alguma curva, saía faísca do chão, porque os pneus
estavam no arame. Isso é sério. Fomos em quatro na TL, ficamos numa biboca no
Flamengo, eu nem competi porque não tinha grana da inscrição e porque estava
quebrando uns três metros de onda. Fiquei na areia de boa, vendo aquele
pirralho, que um dia seria mega campeão mundial de bodyboard, ficar ali
bagunçando. Moleque chato da porra…
E fomos, eu e o
Rony, em uma outra circunstância, pra um outro campeonato no Rio, nem me lembro
de nada, só sei que fiquei umas noites dormindo em cima da minha capa de
prancha num apartamento na Barra. E que voltamos de fusca pela Rio-Santos. Puta
viagem.
The championships
I used to sell
bikinis from Rio de Janeiro, they were cool, one of the best jobs I've had, for
different reasons. I sold a lot and went to an airline counter and bought a
ticket to Salvador, about six days, I think. I went with Ron, who bought it for
about three or four days. There would be a bodyboard championship there and we
would participate.
We arrived like the
guys from the South who had another level in the sport, but I think we
disappointed. We found a place to play at the house of one of the guys who was
from the association. When we crossed the crowd, a girl came with a little
package of marijuana and gave it to me for those days, without saying anything
else. She left and didn't even hear me asking her on a date.
We competed, we
lost, we came back, I stayed at the guy's house for a few more days, just in
the acarajés.
Bahia is
everything!
Another
championship was in Rio de Janeiro, I think it was called Bliss Dan'Up, I
remember it was organized by a famous surfer who, supposedly, ran away with the
prize money. I also remember that there was a little boy under the scaffolding,
messing around on the beach and that the locals, known as Cariocas, said it
would be good: Guilherme Tâmega.
We left São Paulo
in a TL that when turning a corner, sparks came out of the ground, because the
tires were on the wire. This is serious. We went in four at TL, we stayed at a
biboca in Flamengo, I didn't even compete because I didn't have the money for
the registration and because I was breaking about three meters of wave. I
stayed in the sand for good, watching that brat, who would one day be a mega
bodyboard world champion, stand there messing around. Fucking annoying brat…
Minas Gerais
Minas Gerais
Parque da Independência, SP
Pacaembu
Ibirapuera, estátua do Cabral
Consolação SP
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